Deixo claro que o conteúdo deste post reflete apenas a minha opinião e interpretação dos fatos, e não os fatos como eles hão de ser. Uso como referência as seguintes matérias: http://twixar.com/kmYq, http://twixar.com/bgDmGA. A primeira coisa que tenho que observar e compartilhar é a fusão do público/privado que ocorre cada vez mais. Não estou falando de empresas, desestatização, essas coisas. Falo de pessoas e da banalização do conceito de bonito, admirável. Pessoalmente, compartilhar a intimidade num livro, em um blog, ou no twitter, não te torna melhor que ninguém. Nada contra quem gosta de fazer e acontecer, mas expor a perversão desta forma escancarada, no formato 140 caracteres, extrapola até os limites sub-humanos. É a coisificação das relações, das trocas, que por fim se tornam impossíveis. Surfistinha, em sua entrevista, expressa que começou a se prostituir para “unir o útil ao agradável”. Pois é, não só como mulher, mas como ser, errôneamente presumido pensante, ela se torna um anti-exemplo de como não ser humano. Reduzir os desejos, as vontades, as carências e as trocas à uma prática disfuncional: a coisa sexo, é sub-natural. Não é sexo. Acho que nem pode chamar-se assim. É a coisa que se reforça incoesa coisa. Não existe outro, mas sim um objeto desejado: Outra coisa. E o ser humano vai sendo destrinchado em várias partes, coisas, almejando ser todo. Unidades. Para suprir exclusivamente a sua necessidade. Mãos, olhos, joelhos à vulso.
É aí que algo me admira, me surpreende de maneira sutil e inesperada. Enquanto as mulheres se esforçam cada vez mais para se aprimorarem – culto ao corpo, consumo estético e desumano – afim de se garantirem “filés” do mercado, ainda os melhores para serem consumidos vem a notícia da separação de Latino. Veja bem, um artista sem sobrenome, sem respeito e sem-vergonha. Este cara vira modelo de coisa a se querer. É aquela coisa. Eis que a ironia que é a vida, e é aí que a gente confirma que nem tudo é coisa, nos mostra aqui uma mulher bem-sucedida no que faz, admirada por muitos - só na matéria em questão, já haviam 427 comentários. Ela, que olhada de longe, parece ser tudo que alguém pode ser, é dispensada, via twitter, por um cara que gosta de falar de mulheres ingratas, bundalelês no apê, e ainda iventa ditados do tipo “quem planta sacanagem, colhe solidão”. Essa coisa, em 140 caracteres, informa que quando dois corações querem ser livres, é preciso coragem, chega de cobranças. E a reportagem acrescenta: um amigo do casal não entende como eles se separaram, afinal ela estava de acordo com as traições do marido. É aí que fica tudo de cabeça pra baixo. A falta de respeito, a falta de caráter são esperados, óbvios elementos na teoria da vida. O que é surpreendente é a mulher ter se cansado de ser humilhada, ter se dado ao valor e ter saído de um relacionamento, sem querer dinheiro, nem nada. Saindo com o que é dela, porque ela foi capaz de construir. No MEU mundo, isso deveria ser apreciado. Eu, da geração saudável- sim é saudável mesmo- acredito que a palavra chave do mundo é equilíbrio. Acredito nas mulheres, de fibra, de FRIBA, porque “é preciso ter raça, é preciso ter força é preciso ter sonho sempre” para ser mulher de acordar, encarar o dia através da janela e dizer: Bom dia, dia. Levanta, lava, cozinha, cuida dos filhos, da casa, de si, da empresa, da família, dos amigos. “Faz-tudo” feminina, que leva delicadeza com firmeza pra mesa de reunião, café, almoço e jantar. Organiza, ensina, é tutora de viver. E transforma essa São silvestre em uma caminhada de 100 metros. Sobre-vive. Nunca aquém. Talvez devêssemos ser menos surf , e desapegarmos desta mania pegajosa que é ser coisa.